Série Autismo

Desmentindo Mitos 1

“Cuidado com mitos e estereótipos sobre o autismo. Não duvide das nossas potencialidades e de tudo o que podemos desenvolver e fazer quando temos os suportes adequados!” Para Myriam Letícia Cesário, da Divisão de Desenvolvimento de Pessoas (Divdep), é preciso desmitificar inverdades que alimentam preconceitos: o autismo não é doença e pessoas no espectro têm empatia, trabalham e se relacionam.

“Eu fui uma criança muito ‘certinha’, que me esforçava muito para me encaixar ao que agradava ao mundo; e uma jovem que saía pouco para se divertir, com dificuldade de interação e comunicação”, contou Myriam, dizendo que também se esforçava para camuflar socialmente essa dificuldade, gerando intenso desgaste psíquico, crises sensoriais, depressivas e de ansiedade. Em certa fase, chegou a tomar seis tipos de medicamentos psiquiátricos ao mesmo tempo, tendo prejuízos na vida profissional e pessoal.

Entretanto, após o diagnóstico, há alguns anos, com a medicação ajustada e o suporte terapêutico necessário, relatou que hoje é muito feliz, saindo, se divertindo, interagindo, se comunicando e se expressando. “Tenho meus limites, que já conheço, e vez ou outra ainda tenho crises sensoriais, de ansiedade e de ressaca social. Mas conhecendo mais o meu funcionamento, consigo me administrar melhor, usando estratégias adequadas para evitar as crises ou para minimizá-las”, completou Myriam.

Segundo a servidora, o autismo não é uma doença, mas uma condição neurogenética com especificidades no modo de comunicar, socializar, interagir e processar informações. Portanto, não há causas externas nem “cura” para o que não é doença. Além disso, ninguém se torna, mas nasce autista. Outro mito comum é que este não tem empatia, tem dificuldade de expressar sentimentos e de entender os sentimentos alheios; mas ao compreendê-los, pode ser até hiperempático. Esclareceu-se, ainda, que pessoas no espectro possuem características diferentes entre si, como maior ou menor tolerância à frustração; têm potencialidade para trabalhar de acordo com suas habilidades e desejos; e de se relacionar socialmente, se lhe forem dadas oportunidades e condições de acessibilidade.