Série autismo

Desmentindo mitos 2

“Falo baixo demais, minha mente cheia de pensamentos faz a minha fala ser atropelada e gaguejo. Luz, barulho e muitas pessoas me deixam acuada. Mas ninguém pode segurar a minha voz quando falo de algo que gosto, quando toca o meu hiperfoco”, relatou Priscila Cardim, da Procuradoria do Legislativo (Proleg).

“Seguimos tentando ensinar peixes a subir em árvores, ignorando que, para eles, a excelência vem no ambiente aquático”, pontuou. Mencionando trecho do livro “O que me faz pular”, do escritor autista não verbal Naoki Higashida, quando este diz: “Não estou sozinho quando estou com as letras. Elas são muito mais fáceis de controlar do que as palavras faladas e podemos estar com elas sempre que quisermos”, relata que, por muitos anos, já ouviu que autistas não falam bem em público. Então, escrevia e na escrita, era muito mais entendida; era alguém que valia a pena ser ouvida.

Desta forma, quando lhe foi dada a oportunidade de falar, com olhares e palavras de encorajamento, Priscila conseguiu se mostrar. “Uso meus stim toys para me ajudar na regulação, busco a presença de pessoas que me trazem segurança e vou”, completou a servidora, ressaltando que conseguiu presidir sessões presenciais de licitação, participar de lives, ministrar cursos e conduzir evento no Plenário principal da Casa. “Sim, uma autista que teve a oportunidade de mostrar sua potencialidade. Em que pesem os mitos que nos cercam, nós somos capazes!”, concluiu.

Por Andrea Teixeira