De olho no trabalho

Só 15 % dos LGBTQIAP+ falam sobre sexualiadade com os chefes (Jornal O Tempo)

Entrevistas na íntegra Marcos e Luis Otávio

No Dia Internacional do Orgulho Gay, celebrado em 28 de junho, conquistas e avanços podem ser comemorados, mas ainda são muitos os desafios. A sensação de leveza advinda da possibilidade de ser quem se é dentro ou fora do trabalho, relatada por representantes da categoria na Câmara Municipal e no Sindslembh que assumiram sua sexualidade no ambiente corporativo, só faz parte da realidade de 15% de funcionários LGBTQIAP+ de empresas do país. Segundo levantamento realizado pela Consultoria Mais Diversidade em 2021, a grande maioria não consegue falar sobre sexualidade com suas lideranças.

“Meu processo de ‘sair do armário’ demorou mais de 15 anos, tendo início aos 21 anos de idade. Primeiro precisei me assumir para mim mesmo, depois para amigos, família e por último, na Câmara, onde tinha mais receio”, contou o presidente do Sindslembh, Marcos Mudadu. Entretanto, estava decidido, pois sabia o quanto seria libertador poder ser ele mesmo. “Quando comecei a falar mais abertamente sobre o assunto, minha vida ficou mais leve e não me lembro de ter sofrido nenhum tipo de discriminação.”, relatou Mudadu. Todavia, acha que talvez tenha sido mais fácil por ser branco, homem e cisgênero.

Essa foi, também, a experiência de Luís Otávio Costa, da Seção de Gestão Estratégica (Secges). “Quando ingressei à Casa em 2012, em processo de reconhecimento da minha sexualidade para a sociedade, nunca senti necessidade de escondê-la na instituição e nunca fui discriminado por isso”, contou. “Não tem como ser uma pessoa fora e outra dentro do trabalho; nossa essência nos acompanha. Cada vez mais vida pessoal e laboral se fundem; nos últimos tempos, até mesmo os espaços físicos se misturam”, completou.

Empresas vêm promovendo ações educativas, como o Grupo Sada, que discute código de ética, relações humanas, recrutamento e assédio, e realizará um censo. Segundo o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, o E-Social já permite que o colaborador trans seja contabilizado e apareça com seu nome social. Em contrapartida, pesquisa da PwC em 52 países mostra que 54% dos líderes consideram esses valores prioritários; mas entre os trabalhadores, o percentual cai para 39%.

Por Andrea Teixeira